sexta-feira, 31 de maio de 2013

MIMETISMO - Biologia, ZOOLOGIA, Trabalho Escolar.





MIMETISMO


Estudados desde as origens das ciências biológicas, os fenômenos relativos à assimilação de formas, cores ou  disfarces destinados à proteção de indivíduos ou  espécies passaram a ser designados pela palavra mimetismo desde o início do século XIX. Importantes pesquisadores da época, como Henry Walter Bates, Alfred Russel Wallace e Fritz Müller, estudaram a fundo esse curioso recurso da natureza.
Mimetismo é o fenômeno pelo qual um ser vivo se apresenta com aparência (forma, desenho, colorido, odor ou emissão de som) de outro, ou assume características que o confundem com o meio ambiente em que se situa. Chama-se "modelo" o animal, vegetal ou detalhe ambiente a que se assemelha o "mímico" ou "ser mimético", animal ou vegetal que toma a aparência do modelo. Pode-se distinguir o mimetismo em homocromia, ou semelhança com a cor do modelo, e em homotipia, ou aquisição da forma daquele.
O fenômeno distingue-se ainda como defensivo ou protetor, quando o mímico assume as características de um modelo mais bem protegido; e ofensivo ou agressivo, quando o ser mimético toma o aspecto de outro inofensivo, o que lhe permite mais facilmente passar despercebido ao atacar a presa.
O naturalista inglês Henry Walter Bates foi o primeiro a conceituar cientificamente a natureza do mimetismo, ao observar variadas espécies de borboletas no vale do Amazonas. Bates, cujos trabalhos a esse respeito foram publicados em 1862, verificou que às espécies gregárias de lepidópteros da família dos heliconiídeos, dotadas de odor repugnante, misturavam-se outras sem essa propriedade e pertencentes à família dos danaídeos. A semelhança morfológica e de coloração entre as borboletas dos dois tipos era tal que só um exame minucioso permitia distingui-las. Bates concluiu então que a aquisição do aspecto externo de uma espécie protegida por seu odor nauseabundo fazia com que os danaídeos inofensivos não fossem atacados por seus predadores habituais. A essa modalidade de mimetismo deu-se o nome de mimetismo batesiano.
Em 1865, o naturalista inglês Alfred Russel Wallace fixou as seguintes leis para o mimetismo: (1) a espécie mimética ocorre na mesma área e época do ano que o modelo; (2) os miméticos são sempre menos protegidos; (3) os miméticos são sempre menos numerosos e menos prolíficos; (4) os miméticos sempre pertencem a grupo sistemático diverso do grupo de seus modelos; (5) a semelhança nunca se estende a caracteres internos que não afetam o aspecto exterior.
Em 1879, o naturalista alemão Fritz Müller, radicado no Brasil, descreveu outro tipo de mimetismo, em que a proteção de um grupo de animais se torna eficiente depois que o predador aprende, por experiência, a selecionar suas presas. Por exemplo, a lagarta Euchelia jacobaea, berrantemente colorida com faixas amarelas e negras, é rejeitada por aves insetívoras após um contato mínimo, devido a secreções nauseabundas que emanam de sua derme. As vespas que trazem o mesmo padrão de coloração têm igualmente gosto nauseabundo, por causa de seus órgãos digestivos. Conseqüentemente, as aves, após terem atacado vespas ou lagartas daquela espécie, rejeitam qualquer inseto que exiba o mesmo tipo de padrão cromático. Tal condicionamento permite, assim, proteção coletiva de grande quantidade de insetos, assemelhados uns aos outros. Desse modo, fica dividido entre as duas ou mais espécies semelhantes o sacrifício inevitável de vidas necessário ao aprendizado do predador, sacrifício que de outra forma incidiria sobre cada espécie.
O mimetismo mülleriano apresenta as seguintes características: (1) as espécies possuem coloração de advertência e proteção; (2) todas as espécies devem ser igualmente abundantes; (3) a semelhança entre as formas não é necessariamente tão exata como a que ocorre no mimetismo batesiano.
No mimetismo batesiano, em suma, uma espécie desprotegida assume o aspecto de outra, copiosa e bem protegida, de modo que o mímico é um parasito da reputação do modelo. No mimetismo mülleriano, várias espécies, todas freqüentes e bem protegidas, mostram traços comuns de advertência. Nem sempre, todavia, é possível determinar se uma associação é batesiana ou mülleriana. Em alguns casos, um mímico batesiano de uma espécie pode atuar como mímico mülleriano de outra.

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