segunda-feira, 1 de abril de 2013

A Crise na Tunísia


A Tunísia ou República da Tunísia país de maioria muçulmana, localiza-se no norte da África, na região do Magreb. Limita-se ao norte e a leste com o Mar Mediterrâneo pelo qual faz fronteira com a Itália, próxima à ilha de Pantalaria e das ilhas Pelágias, além de fazer fronteira a leste e ao sul com a Líbia e a oeste com a Argélia.
 A Tunísia vem enfrentando desde dezembro de 2010 uma série de protestos contra o desemprego e a corrupção, a chamada “Revolução de Jasmim” que levou a renúncia do presidente Zine Al-Abidine Ben Ali. Após, um mês de violentas manifestações populares contra o governo, Ben Ali que estava no poder há 23 anos renunciou em 14 de janeiro.
Embora governado com mão de ferro por Ben Ali desde 1987, um dos governos mais corruptos e repressivos de toda a região, o país era visto como um exemplo de estabilidade e relativa prosperidade no mundo árabe.
As manifestações populares contra o desemprego e a corrupção do governo da Tunísia começaram no fim do ano passado e se tornaram nacionais depois da morte de Mohamed Bouazizi.
Mohamed Bouazizi um analista em informática de 26 anos, era vendedor ambulante, na cidade de Sidi-Bouzid. A polícia o impediu de vender frutas e vegetais em uma barraca de rua, sem licença e confiscou sua mercadoria. Impedido de fazer uma reclamação às autoridades, Bouazizi ateou fogo no próprio corpo, morrendo dias depois. Sua morte provocou uma onda de protestos contra a inflação e o desemprego na região, que é uma das mais pobres do país e que tem uma economia baseada na agricultura.
As manifestações espalharam-se pelo país, em cidades do interior como Kasserine, Thala, Regueb e Jabeniana e chegaram à capital Túnis.  Milhares de manifestantes entraram em confrontos violentos com a polícia, reivindicando também mudanças políticas. O governo reagiu com violência às manifestações e os protestos aumentaram.
Na Tunísia a internet e as redes sociais ajudaram a acelerar a revolução, pois as manifestações não tiveram uma coordenação única. Foram convocadas, pela internet, por estudantes, grupos de donas de casa, associações de moradores, etc. o que surpreendeu o governo.  A reação do governo aos protestos foi violenta, causando dezenas de mortes desde o início dos conflitos.
Como outras nações árabes, a Tunísia foi no passado domínio otomano, colônia europeia e, depois, ditadura. Ex-colônia francesa tornou-se independente da França em 1956. Foi governada por Habib Bourguiba até 1987, quando Ben Ali tomou o poder num golpe de Estado. Em 2009, foi reeleito com quase 90% dos votos válidos para um mandato de mais cinco anos.
 Embora o país tenha um dos melhores índices de desenvolvimento humano do continente africano e uma forte economia, há fortes restrições das liberdades políticas. A insatisfação com o desemprego, muitos jovens formados em universidades não conseguem emprego, violência policial, excessos da classe dominante e um governo corrupto levaram à onda de protestos.
A reação do presidente Ben Ali inicialmente foi negar que a polícia tenha reagido com força exagerada, afirmando que ela protegia interesses públicos contra um pequeno número de “terroristas”. Ainda na tentativa de esvaziar os protestos todas as universidades e escolas do país foram fechadas.
Diante da pressão o presidente Ben Ali demitiu seu ministro do Interior, em 12 de janeiro e ordenou a liberação de todos os detidos durante os protestos. Criou um comitê especial para investigar a corrupção e prometeu atacar a raiz do problema do desemprego, com a criação de 300 mil empregos. Mas, os protestos continuaram apesar do toque de recolher e chegaram ao centro da capital Túnis em 13 de janeiro.
Ben Ali prometeu então combater a alta de preço dos alimentos, permitir a liberdade de imprensa e internet e “aprofundar a democracia e revitalizar o pluralismo”. Ele também disse que não mudaria a constituição para permitir a própria reeleição em 2014.
Em 14 de janeiro, Ben Ali anunciou a dissolução do Parlamento e do governo e convocou eleições parlamentares dentro de seis meses, antes de declarar um estado de emergência. O toque de recolher entre 18h e 06h foi ampliado a todo o país, proibidas aglomerações de mais de três pessoas e as Forças de Segurança receberam permissão para atirar em qualquer um que desobedecesse as suas ordens.
Após a renúncia Ben Ali deixou o país junto com a família, rumo à Arábia Saudita. No seu lugar, assumiu o primeiro-ministro Mohammed Ghannouchi. As medidas não surtiram efeito, pois na prática, o regime foi mantido, e os manifestantes continuaram os protestos em frente ao Palácio do Governo. Exigindo a saída de todos os ministros ligados ao ex-presidente, que ainda ocupavam cargos-chave no governo de transição.
Mohammed Ghannouchi anunciou a formação de um novo governo de união nacional encarregado de gerenciar a transição até a organização de eleições presidenciais e legislativas marcadas para 15 de julho, prometendo respeitar a Constituição.
A pressão dos manifestantes continuou e o primeiro-ministro renunciou em 27 de fevereiro, enquanto forças de segurança entraram em confronto com manifestantes que exigiam a saída de alguns ministros do governo interino.
O ministro da Justiça da Tunísia, Lazhar Karoui Chebbi, afirmou em 26 de janeiro que o país preparou uma ordem de detenção internacional contra o presidente deposto, Zine Al-Abidine Ben Ali, e sua esposa, Leila Trabelsi. Em entrevista coletiva, o ministro indicou que a justiça do país está à procura de Ben Ali, foragido na Arábia Saudita, por "aquisição ilegal de bens", além de "transferência ilícita de divisas ao exterior”.
As manifestações iniciadas na Tunísia espalharam-se pelo Oriente Médio e África como na Argélia, Jordânia, Omã, Sudão, Mauritânia, Líbia, Egito e Iêmen. Vários países árabes, a exemplo da Tunísia, são governados há anos pelos mesmos líderes em regimes ditatoriais.

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